Conto
#050: CONTADOR DE HISTÓRIAS NUBLARES
(Uma
obra puramente de ficção)
Após
criteriosa análise dos céus de vários lugares, em diversos países,
o céu de Brasília foi unanimemente escolhido para ser o tema do
inédito concurso literário até aquele instante.
No
Planalto há fortes e velozes correntes de ar, proporcionando a arte
do vento escultor que que ocorre em bastante frequência por aqui.
Sendo uma região muito quente e úmida, paradoxalmente esta mesma
umidade é evaporada provocando variações de pressões as quais,
por sua vez, provoca grande deslocamento de ar, justificando assim a
grande massa de ar em deslocamento por esta região. Ainda não
consigo entender o enorme desperdício de tão alto potencial energia
eólica, diga-se de passagem, energia limpa, pura e renovável, sem
qualquer traço de poluição.
Ora
são corrente frias oriunda da patagônia rumando para o Planalto
Central. Não raro essas frente frias se chocam com correntes quentes
vindas da Amazônia, do equador ou do Atlântico Nordeste. Deses
choques ocorrem frequentes chuvas, inclusive, não raro chuvas de
granizo.
Com
todo esse movimento, não é de se estranhar as mais belas nuvens em
caleidoscópicos formatos de infinitas possibilidades a desfile
flutuante bem sobre nossas cabeças. Certamente perdem aqueles que
acham não terem tempo de olhar para cima para ver bobagem. Bobos sei
quem são, pois se matam por coisas menos importantes. Passaram pela
vida mas nunca a viveram em sua plenitude.
Muitas
vezes estou a dirigir e percebo muitas e muitas poesias ou estórias
que poderia contar ou simplesmente fotografar belas formas. Mas nem
sempre se pode parar aqui em Brasília. Nem todas avenidas, BR's,
ruas ou vicinais têm acostamento para que eu pare e registre aquele
lance único. Lamento um pouco, mas sempre há outras e mais outras
nuvens que compensarão aquelas momentâneas perdas.
Num
desses estalos neuróbicos engendrei aquele que poderia ser o mais
original e mais bem sucedido concurso literário de todos os tempos.
Assim que cheguei em casa olhe para o meu relógio que também é um
termômetro bi escalar °F/°C e vi que o expediente administrativo
ainda não havia terminado. Mais que depressa corri ao telefone e
liguei para o representante da Cultura que me aconselhou a apresentar
um projeto ao órgão competente em minha Cidade e fiz uma sinopse de
minha ideia. Pronto o projeto, demos mãos à obra e formos em busca
de patrocínio.
Saí
dali com um projeto elaborado e já com uma comissão constituída
para cuidar dos Detalhes acertados, parte logística para que o
concurso fosse realizado sem qualquer entrave que o pudesse
inviabilizá-lo pusemos projeto em ação. Fiquei no subgrupo que
cuidaria da divulgação em todas as mídias, escrita, falada,
televisada e cibernética. Eu e o Od Júnior ficamos encarregados de
criar a logomarca e lançá-la em vídeo viral através dos suportes
de vídeo disponíveis na Internet. Lançamo-las em Português,
Francês, Espanhol e Inglês. A tradução ficou ao meu cargo e não
me foi muito difícil. Mas para a tradução em Árabe, tive a
brilhante ajuda de meu amigo Ibhrahim Boulech e no Hebraico,
prontamente me ajudou o meu amigo de Ha Eretz, Joabe Daniel.
A
receptividade foi exageradamente além das expectativas. Recebemos
pedidos de inscrições dos cinco continentes. Deu uma grande
trabalheira, mas enfim, conseguimos organizar tudo com o máximo
cuidado, buscando o inatingível índice zero de erro. Que Deus me
ajude, pediu, ára que esse exacerbado perfeccionismo não viesse me
atormentar e que eu pudesse dar um impossível desconto à minha
pessoa.
A
data ficou acertada para as duas últimas semanas de Agosto, visto
ser um mês de pouquíssimas chuvas. Cada dia, 20 concorrente
abririam os seus envelopes e daria início a mais esperada temporada
literária do Planeta. Ao final das duas semanas de conteste,
totalizariam cerca de 280 concorrentes. Era cada um torcer para as
forças elísias soprarem os mais criativos ventos para produzirem as
mais belas nuvens jamais vistas por eles. O certame sempre começaria
a partir das 15h 00min para usufruirmos de um sol menos causticante e
pobre em raios ultravioletas e infravermelhos. O local escolhido foi
o pátio da Torre de TV Digital, uma das últimas obras do saudoso
arquiteto Oscar Niemeyer, a qual representa a Flor do Cerrado, novo
ícone de Brasília.
Cada
participantes no início da prova teria, após o primeiro tiro de
festim, quinze minutos para olhar e fitar bem cada nuvens nos 360°
de Céu Brasiliense. Depois, um segundo tiro de festim daria o toque
para começarem a escrever. Teriam até as 18h 30min para terminarem
o seu conto. A ideia era muito simples. Cada participante deveria
contar uma história, um conto baseado nas multiformes figuras
formadas pelo movimento da nuvens e ir variando de acorda a percepção
pessoal e ao sabor do morfismo inerentes às nuvens e os ventos.
Hoje
já são 17 de Agosto de 2013. A ansiedade quer tomar conta de mim,
mas com muito sacrifício me contenho. Mas é quase impossível
aguentar chegar a tarde para ver a realização de um projeto tão
audacioso como este.
Vamos
lá, galera? A entrada é gratuita, tudo patrocinado pelo consórcio
de empresas que abraçaram o projeto, mas cada visitante teria que
levar um quilo de alimento não perecível para posteriormente ser
doado a entidades com projetos sociais em apoio aos necessitados.
Este, sem dúvida será um acontecimento memorável que ninguém que
puder ir deva perder por nada desse mundo!
***
ATENÇÃO!
Esta
é uma obra puramente fictícia da que tive a concepção enquanto
dirigia para minha residência, num belo entardecer de Brasília, o
céu é o mais belo do mundo e um espetáculo à parte.
Se
algum grupo ou órgão governamental quiser aproveitar a ideia, tem
minha permissão, mas simplesmente peço: Por favor, mantenha-me como
autor da ideia!
Olá, Bosco! Feliz em conhecer seu espaço. Realmente, o céu de Brasília é algo espetacular! Tive a oportunidade de ver o entardecer de um helicóptero, sobrevoando a cidade, e vi a paisagem tingida de vermelho e rosado. Coisa para jamais se esquecer.
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