Foto: do Bing, site de busca
ANDARILHO DO INFINITO
Conto nublar #082
Acordei
com sede de escrever. Mas sobre o que escrever? Que tema escolher? Um
tema que as pessoas estivessem à procura e eu pudesse suprir essa
busca ou algo que meu ser quisesse expressar e talvez ou não
interessasse ao leitor? Resolvi segui minha intuição, embora não
tivesse ainda nenhuma ideia em mente.
Plum!
Sinaliza minha caixa de e-correio a chegada de uma nova mensagem.
Mensagem vinda de alguém muito especial:
De:
Miriam Malach Sheli*
Para:
Od L'Aremse
Assunto:
Espetáculo deslumbrante
Abro-a
imediatamente. Um arquivo revisado para publicação. Uma sugestão
irresistível: _ “Não deixe de olhar a tela do Bing. Está linda e
irresistível e mudará em instante à primeira badalada da
meia-noite.” _ Não me fiz de rogado e abri imediatamente a página
sugerida. Um espetáculo deslumbrante e inspirador. Não contei
conversa. Corri ao jardim em busca de meus Éolos Transportes. Por sorte, Sudeste passa por mim a 11Km/h e pergunta se
peixe quer mar:
_
Uma carona, Od?
_
Claro! Passas no momento certo, como sempre!
Em
instante estamos em cima, num grande tapete espelhado a refletir e, à
la calidoscópio, começo a andar sem rumo nem direção, sem
qualquer preocupação. Apenas quero desfrutar, milímetro por
milímetro cúbico, cada naco daquele
espaço. Nesse momento, uma curiosidade
me aguça o pensar. Confesso que antes, por várias vezes já havia
conversado com meus velcros e não soube responder, mas cá em cima,
tenho a oportunidade de desvendar o mistério. Se ao nível das
nuvens a temperatura é em torno de -40ºC, como consigo transitar
livremente sem congelar e morrer num centésimo de um triz? Ainda
pensando com volume máximo do meu pensamento,
SE dá-me uma ilógica resposta que se traduziu na mais perfeita
lucidez.
_
Muito simples, Od! Pelo mesmo motivo e razão que você veio,
está aqui como veio, chegou e se locomove. É através dessa lógica
ou ausência dela que ao entendimento se
aclararam as ideias. “Capice!”
_
Captei a mensagem, sábio Vento! É como se fôssemos quais crianças
e criássemos um “FDC”. “DJES!”
_
Pra que concorde ou não, esclareça o
que são “FDC”, “DJES”, por favor!
_
Pois, sim, Sudeste (SE)! “FDC” = Faz de Conta e
“DJES!” = Yes, sim.
_
Ah! Tá!
_
Aqui é como o meu sono REM. Como disse com propriedade a Ana
Flor do Lácio
em seu Soneto MEU REFÚGIO, MEU FADO: “... onde me
faço e refaço”. Aqui posso apertar o botão da descarga e
posso “blow down” (aliviar) todo o meu estresse. Cá
me sinto livre leve e capaz de criar e viajar pelo Universo e
explorar sem medo o Infinito tópico, até onde o Eterno permitir
tanger. Algo que não me aflige é não ter resposta por tudo.
Paradoxal? Pode parecer, pois estou sempre buscando e buscando
aprender e saber até o que não preciso. Talvez não, por enquanto,
mas no futuro, quem sabe? Mas me contento em saber só o essencial e
ir somente até onde posso chegar.
Daqui
de cima não existe utopia, pois já estamos dentro dela própria.
Assim, deixou de ser inacessível. Agora o jeito é não abusar da
onda para não perder a graça, mas fazer como devemos para com tudo
o que é bom e gostoso. Nunca ir ao extremo, mas sempre guardar um
pouquinho para servir de “courvert” na próxima
vez. Gostava tanto de doce de leite que era capaz de comer, comer,
comer sem me fartar. Resultado:
enjoei de tal forma que agora, basta a
metade de um naco, já me satisfaz plenamente. Aqui não há reservas
nem horizonte utópico, pois o limite é nossa imaginação.
Então,
voltando à paisagem paradisíaca, andei, andei e andei sem cansar. A
paz invadiu-me sem reserva minha mente e meu interior. À graça e à
misericórdia do Eterno, o Altíssimo,
rendi-me sem reserva e lavou-me totalmente a alma. Deixou-me renovado
o espírito, mais leve a flutuar. Quanta
beleza, essa paisagem conseguir extrair
e brotar como fontes, jorros aos borbotões!
Novamente encontro amigos de todas as épocas nesse passeio não mais
solo, porém na companhia de cada companheiro, amigos e irmãos. Como
é boa a paz que brota do interior!
A vontade que se tem é de sair a correr e soltar um esférico grito
de glória e louvor:
_
“EU SOU LIVRE! EU POSSO AMAR! EU POSSO PERDOAR”.
_
“Eita que o homem endoidou de vez! Coitado! Ficou Pinel! Vai pra
Jacarépaguá!” _ talvez dirão. E daí? A liberdade tem seu
preço. O maior dele foi a vida do Filho de D'us! Ele se doou
por nós. Loucura? Depende do prisma.
Para mim é real felicidade.
Parece
uma moviola. Só não dá para editar o filme. O filme de
minha vida. Tenho que vê-lo no copião,
com
direito a “falha nossa”, “make off” e tudo o
que se tem direito ou não. E ainda tem mais. Não existem
cenas deletadas. Todas estão ali. Pelo menos não são públicas e o
Altíssimo é a Ética em Pessoa. Se nos traz algo à tela
mental é simplesmente para tratamento e cura. Como é bom servir-Te,
Senhor! Felizes os que Te buscam e em Ti confiam acima de todas as
coisas!
Sem
brincadeira alguma, de repente, sinto flutuar qual pluma ao sabor do
vento. Todo o fardo que antes me esmagava agora é como se nunca
houvera carregado. Vou descendo, descendo lentamente até alcançar
uma folha de Angelim do Cerrado,
igualmente soprada pela brisa que me trazia até minha rede do
alpendre norte. Ali,
durmo um pouco mais até o cantar do primeiro galo.
(*) Miriam Malach Sheli* = do Hebraico - Maria, Meu Anjo;
Eolo = Vento
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