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Tudo Mudou

sábado, 5 de outubro de 2013

ANDARILHO DO INFINITO


Foto: do Bing, site de busca

ANDARILHO DO INFINITO
Conto nublar #082

Acordei com sede de escrever. Mas sobre o que escrever? Que tema escolher? Um tema que as pessoas estivessem à procura e eu pudesse suprir essa busca ou algo que meu ser quisesse expressar e talvez ou não interessasse ao leitor? Resolvi segui minha intuição, embora não tivesse ainda nenhuma ideia em mente.

Plum! Sinaliza minha caixa de e-correio a chegada de uma nova mensagem. Mensagem vinda de alguém muito especial:

De: Miriam Malach Sheli*
Para: Od L'Aremse
Assunto: Espetáculo deslumbrante

Abro-a imediatamente. Um arquivo revisado para publicação. Uma sugestão irresistível: _ “Não deixe de olhar a tela do Bing. Está linda e irresistível e mudará em instante à primeira badalada da meia-noite.” _ Não me fiz de rogado e abri imediatamente a página sugerida. Um espetáculo deslumbrante e inspirador. Não contei conversa. Corri ao jardim em busca de meus Éolos Transportes. Por sorte, Sudeste passa por mim a 11Km/h e pergunta se peixe quer mar:

_ Uma carona, Od?

_ Claro! Passas no momento certo, como sempre!

Em instante estamos em cima, num grande tapete espelhado a refletir e, à la calidoscópio, começo a andar sem rumo nem direção, sem qualquer preocupação. Apenas quero desfrutar, milímetro por milímetro cúbico, cada naco daquele espaço. Nesse momento, uma curiosidade me aguça o pensar. Confesso que antes, por várias vezes já havia conversado com meus velcros e não soube responder, mas cá em cima, tenho a oportunidade de desvendar o mistério. Se ao nível das nuvens a temperatura é em torno de -40ºC, como consigo transitar livremente sem congelar e morrer num centésimo de um triz? Ainda pensando com volume máximo do meu pensamento, SE dá-me uma ilógica resposta que se traduziu na mais perfeita lucidez.

_ Muito simples, Od! Pelo mesmo motivo e razão que você veio, está aqui como veio, chegou e se locomove. É através dessa lógica ou ausência dela que ao entendimento se aclararam as ideias. “Capice!

_ Captei a mensagem, sábio Vento! É como se fôssemos quais crianças e criássemos um “FDC”. “DJES!”

_ Pra que concorde ou não, esclareça o que são “FDC”, “DJES”, por favor!

_ Pois, sim, Sudeste (SE)! “FDC” = Faz de Conta e “DJES!” = Yes, sim.

_ Ah! Tá!

_ Aqui é como o meu sono REM. Como disse com propriedade a Ana Flor do Lácio em seu Soneto MEU REFÚGIO, MEU FADO: “... onde me faço e refaço”. Aqui posso apertar o botão da descarga e posso “blow down” (aliviar) todo o meu estresse. Cá me sinto livre leve e capaz de criar e viajar pelo Universo e explorar sem medo o Infinito tópico, até onde o Eterno permitir tanger. Algo que não me aflige é não ter resposta por tudo. Paradoxal? Pode parecer, pois estou sempre buscando e buscando aprender e saber até o que não preciso. Talvez não, por enquanto, mas no futuro, quem sabe? Mas me contento em saber só o essencial e ir somente até onde posso chegar.

Daqui de cima não existe utopia, pois já estamos dentro dela própria. Assim, deixou de ser inacessível. Agora o jeito é não abusar da onda para não perder a graça, mas fazer como devemos para com tudo o que é bom e gostoso. Nunca ir ao extremo, mas sempre guardar um pouquinho para servir de “courvert” na próxima vez. Gostava tanto de doce de leite que era capaz de comer, comer, comer sem me fartar. Resultado: enjoei de tal forma que agora, basta a metade de um naco, já me satisfaz plenamente. Aqui não há reservas nem horizonte utópico, pois o limite é nossa imaginação.

Então, voltando à paisagem paradisíaca, andei, andei e andei sem cansar. A paz invadiu-me sem reserva minha mente e meu interior. À graça e à misericórdia do Eterno, o Altíssimo, rendi-me sem reserva e lavou-me totalmente a alma. Deixou-me renovado o espírito, mais leve a flutuar. Quanta beleza, essa paisagem conseguir extrair e brotar como fontes, jorros aos borbotões! Novamente encontro amigos de todas as épocas nesse passeio não mais solo, porém na companhia de cada companheiro, amigos e irmãos. Como é boa a paz que brota do interior! A vontade que se tem é de sair a correr e soltar um esférico grito de glória e louvor:

_EU SOU LIVRE! EU POSSO AMAR! EU POSSO PERDOAR”.

_Eita que o homem endoidou de vez! Coitado! Ficou Pinel! Vai pra Jacarépaguá!” _ talvez dirão. E daí? A liberdade tem seu preço. O maior dele foi a vida do Filho de D'us! Ele se doou por nós. Loucura? Depende do prisma. Para mim é real felicidade.

Parece uma moviola. Só não dá para editar o filme. O filme de minha vida. Tenho que vê-lo no copião, com direito a “falha nossa”, “make off” e tudo o que se tem direito ou não. E ainda tem mais. Não existem cenas deletadas. Todas estão ali. Pelo menos não são públicas e o Altíssimo é a Ética em Pessoa. Se nos traz algo à tela mental é simplesmente para tratamento e cura. Como é bom servir-Te, Senhor! Felizes os que Te buscam e em Ti confiam acima de todas as coisas!

Sem brincadeira alguma, de repente, sinto flutuar qual pluma ao sabor do vento. Todo o fardo que antes me esmagava agora é como se nunca houvera carregado. Vou descendo, descendo lentamente até alcançar uma folha de Angelim do Cerrado, igualmente soprada pela brisa que me trazia até minha rede do alpendre norte. Ali, durmo um pouco mais até o cantar do primeiro galo.

(*) Miriam Malach Sheli* = do Hebraico - Maria, Meu Anjo;
      Eolo = Vento

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