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Tudo Mudou

sábado, 5 de outubro de 2013

CORAL ORNITOSSÔNICO DE PONTE ALTA



CORAL ORNITOSSÔNICO DE PONTE ALTA
Conto Nublar #081

Quem me conhece sabe de minha paixão por música desde minha mais tenra idade.

É verdade! Consigo tirar música até do mais profundo silêncio, quer dormindo, quer acordado. Coisa de louco? Talvez, mas prefiro dizer “Coisa de músico”, mesmo. Alguém já brincou comigo, dizendo que eu dançaria até discurso, dado o meu gosto por música e dança. Guardado certo exagero, não estavam, ao todo, errados.
Quando não estou fazendo música, certamente estou pensando em música, em alguma coisa a ela relacionada. Diferentemente de certos sítios políticos, aqui nunca termina em pizza, certamente ou termina em música ou poesia.

Hoje, o sol quase não marcou presença aqui em Ponte Alta. Passei o dia agasalhado, curtindo a brisa que soprava agradavelmente a 20º. Após o almoço, minha esposa me chamou para ver a cerração que se avizinhava já a um quarteirão de nós. Não longe daqui, ouvia o canto dos passarinhos que parecia não se preocupar com a baixa nuvem que se aproximava. Tudo indicava que não lhes atingiria ali onde estavam. Quem é músico, quando ouve qualquer tema musical, a primeira coisa que instintivamente faz, é identificar o tema, o andamento, a marcação etc. Percebi o perfeito sincronismo entre estas quatro espécimes que cantavam como se fossem regidos pela batuta de um Maestro. Certamente o mesmo Maestro que rege todo o Universo. Assim, a louvar o seu Criador, estão a cantar:


Maravilha! Os quatro estão a cantar em movimento quaternário, em anacruse, ou seja, começando a cantar, não no tempo forte do compasso (o 1º tempo), mas o João-de-Barro entra no 2º tempo, a Joana faz a marcação apenas nos tempos fortes. Bem-te-vi entra no 3º tempo pontuando-o, enquanto que o vem-vem faz percussão nos 3º e 4º tempos, numa sincronia tal que fico de queixo caído com tamanha perfeição. Em que escola teriam estudado notação e teoria musical para que dominassem a técnica de tal forma? Nenhuma, concluo, mas creio que os professores primitivos os estudaram e com eles muito aprenderam. O grande compositor e músico austríaco Johann Strauss, enquanto passeava de carruagem pelos Bosques de Viena, ouvira o trinado de um passarinho. Imediatamente pegou seu flautim e o imitou naquele mesmo trinado. Isto se repetiu por várias vezes e quando terminou o passeio, também acabara de compor sua famosa valsa Contos dos Bosques de Viena.


Começou a pingar e eu, superfeliz, já me preparava para criar coragem e tomar aquele banho de chuva como nos tempos de criança, quando Vento Sudeste sorri pra mim e diz: _ “Lamento te frustrar, Od, mas esta chuva já tem dono e destino certos: Oeste de Goiás. Fica para a próxima!”

Um comentário:

  1. Bom dia, Bosco. Não sei fazer música, mas como estudei um tiquinho de música quando jovem, aprendi a ouvir... tenho os ouvidos apurados. E como você, amo ouvir a música da vida! Bom fim de semana.

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